Diminuição da bochecha vira febre no Brasil e reforça o título de País que mais faz cirurgias plásticas no mundo

Postado dia 03/06/2015 01:49:41
Diminuição da bochecha vira febre no Brasil e reforça o título de País que mais faz cirurgias plásticas no mundo

Diminuir as maçãs do rosto virou a nova febre nacional. Depois de algumas celebridades americanas aparecerem com o rosto mais fininho, a procura no Brasil pela cirurgia chamada bichectomia aumentou.

Apesar do nome estranho, o procedimento é simples e consiste na retirada de uma bola de gordura da bochecha chamada bichat, que acaba diminuindo o aspecto redondo do rosto.

Fotos com o antes e depois de Angelina Jolie, Madonna e Megan Fox circularam na internet e despertaram o interesse das brasileiras. Segundo Vitorio Maddarena, médico cirurgião que realiza o procedimento, a procura pela cirurgia cresceu 20 % em 2015 em relação a 2014.

O procedimento é simples e eficaz, como explica Luís Henrique Ishida, cirurgião plástico e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).

De acordo com o médico, a cirurgia dura em média meia hora, não requer anestesia geral e o corte de aproximadamente 1cm é feito na parte interna da boca, sem sangrar e sem deixar cicatriz. O paciente pode ir embora no mesmo dia e não há nenhuma grande recomendação para o pós-operatório. Considerada segura pela SBCP, apesar de pequenos, os riscos da cirurgia existem. Como a bola de bichat fica muito próxima ao nervo, se o profissional não estiver preparado, pode atingir o nervo e provocar uma paralisia fácil. Outro risco é lesionar o ducto salivar, canal que leva a saliva para dentro da boca. A avaliação de um profissional especializado é essencial, já que o aspecto "bochechudo" nem sempre está relacionado à bola de gordura. Um diagnóstico errado pode aumentar o problema.

Mas apesar do todo o burburinho em torno da bichectomia, a prática é antiga. Ishida conta que a cirurgia é feita no Brasil há mais de 15 anos. O problema é que as pessoas não sabiam que ela existia, porque era um recurso do cirurgião plástico indicado para cirurgias de consumo facial. 

— Ela geralmente é realizada para chegar a proporção ideal do rosto. Por este motivo, as pacientes não sabiam que ela era possível, a menos que conhecesse alguém que também tivesse. Geralmente acontecia quando o profissional especializado retirava a bola para que a bochecha ficasse proporcional ao restante do rosto. Por isso, é considerada uma cirurgia estética.

E de cirurgia estética o Brasil entende. De acordo com pesquisa divulgada em 2014 pela ISAPS (sigla em inglês para Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética), o Brasil liderou, em 2013, o ranking do número de procedimentos cirúrgicos com 1,49 milhão de cirurgias, o que equivale a 12,9% dos 11,5 milhões totais, ficando à frente dos Estados Unidos com 1,45 milhão (12,5%). Em seguida vieram México (4.2%) e Alemanha (3%). Para Ishida, a posição ostentada pelo Brasil é um fator cultural, ligado ao excesso de vaidade e a ascensão da classe C.

— A cirurgia plástica no Brasil é sinal de status, um bem de consumo. O clima propicia a exposição do corpo e, em geral, isso acaba refletindo no número de pessoas que procuram estes procedimentos. O número de profissionais dispostos a realizar essas cirurgias também conta neste número, mas isso nem sempre é sinal de qualidade.

Das cirurgias analisadas, o Brasil foi campeão na lipoaspiração, que retira gordura de partes do corpo, seguido de aumento da mama. Apesar de serem usadas também para a simetrização (no caso da lipo) e reconstrução (no caso da mama), elas geralmente têm finalidade estética. A procura pelas cirurgias pode variar de acordo com a idade e interesse, como no caso das próteses mamarias, em que as mais novas preferem maiores e com o tempo, vão trocando por próteses menores. Diferentemente da bichectomia, a lipo e a de mama são procedimentos que oferecem um risco maior ao paciente, sendo que o principal é um resultado não adequado.

— São procedimentos que exigem anestesia e implicam em perda de sangue, como qualquer procedimento cirúrgico, podendo causar choque anafilático, trombose e embolia pulmonar.

A busca pelo corpo perfeito vem colocando no mercado produtos e procedimentos que não são reconhecidos pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e questionáveis quanto à sua segurança. É o caso do hidrogel e da bioplastia (acrílico moído), soluções apresentadas que são, de acordo com Ishida, são quase propagandas enganosas, já que prometem resultados imediatos e quase milagrosos. Para o cirurgião, são corpos estranhos e acabam gerando processo inflamatório e rejeição.

— Minha recomendação é não usar o hidrogel e bioplastia porque não existem evidências científicas que garantam a segurança do uso. Hoje em dia você tem milhares de pessoas com sequelas da bioplastia. O material entra no corpo e se espalha, e você não consegue tirar, é colo colocar cola em uma esponja. O hidrogel é semelhante, não absorvível. Diferente de uma prótese de silicone na mama, que se der problema, você tira.

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